domingo, 12 de maio de 2013

Causa e efeito para se ter Público





Vejam esse artigo abaixo:

O ESTRATÉGICO PAPEL DA DISTRIBUIÇÃO NO BOOM DO CINEMA BRASILEIRO


Com os novos e variados modelos de financiamento da produção e grandes oportunidades de comercialização no mercado nacional e internacional, o audiovisual nacional vive hoje o melhor momento das últimas décadas.

A produção audiovisual independente passa por enormes transformações e, apesar dos grandes desafios, predomina a oportunidade de consolidação de uma forte indústria de produção independente, com foco em retorno comercial e difusão em diversas plataformas.

No campo de mecanismos de financiamento, o grande destaque fica para o Fundo Setorial do Audiovisual, que teve verba de R$ 205 milhões em 2012, disponibilizada para investimentos na produção, distribuição e comercialização. Com o modelo de investimento de participação nos resultados, o fundo nos lança o importante desafio de olhar para o conteúdo sob uma perspectiva de retorno financeiro. Essa estratégia tem como objetivo a melhoria da posição competitiva das empresas nacionais e estímulo a modelos de negócios menos dependentes de recursos públicos.

O fato de duas das linhas de incentivo serem voltadas a distribuidoras nacionais (uma focada no financiamento da produção de obras cinematográficas e outra no lançamento de filmes em salas de cinema – P&A ou Print and Advertising), possibilita o envolvimento desde o início desse importante elo da cadeia na performance comercial do projeto. Por ser a grande conhecedora da demanda do público das salas de cinema, canais de televisão e outros veículos, a distribuidora está capacitada a reconhecer a necessidade de adequação do conteúdo para aumentar o seu potencial de retorno.

Estas linhas também são importantes por fortalecerem as empresas nacionais que, em sua maioria, priorizam o conteúdo local em contraposição a outras linhas como o Artigo 3º, voltado a distribuidoras estrangeiras que tratam o produto nacional como “second option”, priorizando apenas a janela de cinema e não explorando, por exemplo, as vendas internacionais, uma vez que tendem a focar em conteúdo produzido pelos grandes estúdios.

Devido à nova lei da TV paga, os canais têm procurado cada vez mais projetos para investimento. Criatividade e flexibilidade são essenciais para ajustar os valores ao bolso do canal investidor, adaptar o conteúdo ao seu perfil e ainda permitir o licenciamento futuro do mesmo produto para outros canais. A linha B do FSA, voltada para produções audiovisuais e com participação do canal na composição de 15% do orçamento, tem sido em especial utilizada pelos canais para séries dentro de um orçamento de aproximadamente R$ 1 milhão. Já em relação a longas-metragens e documentários, a linha preferida dos canais tem sido a linha C, que possibilita a relação direta com o distribuidor com modelo de pré-compra pelo canal e envolvimento desde o início do processo, mas que, no entanto, não estabelece nenhum padrão de valor de pré-compra vinculado ao valor do orçamento, deixando que o distribuidor – conhecedor de valores praticados no mercado – negocie o melhor valor e condições para o projeto.

Além da clara demanda advinda de canais de TV por assinatura com a aprovação da Lei 12.485/2011, as oportunidades de vendas em outras janelas também são otimistas. As salas de cinema contam com novos mecanismos de financiamento de expansão do parque exibidor, como as linhas do BNDES, e a cota de conteúdo nacional de 28 dias (no mínimo), para 2013, continua garantindo que o produto nacional chegue às telonas. A janela de VOD, apesar de ainda não ter se consolidado de fato, trouxe novos players ao mercado como a internacional Netflix e a brasileira NET que apostam no segmento de maneira segura e crescente.

Em relação ainda ao mercado internacional, vale lembrar que o Brasil está na moda. País da Copa e das Olimpíadas, da forte economia e reconhecido na política internacional, alcançou um novo patamar de destaque internacional e o interesse por seus produtos cresceu também.

Apesar do bom momento, ainda restam desafios a serem superados, como por exemplo, a necessidade de aprendermos a trabalhar com foco maior em resultados comerciais, pensando desde o início no público consumidor, na exportação de conteúdo para outros mercados e criação de formatos que também possam ser exportados.

É certo que ainda é muito cedo para prever como este mercado irá se desenvolver, mas com base nas experiências dos grandes distribuidores, estúdios internacionais e agentes europeus, as melhores estratégias estão sendo aplicadas no Brasil. Com modelos de financiamento alinhados com as necessidades do mercado, incentivo para uma cadeia produtiva consistente e independente e muita competência e criatividade, o mercado audiovisual brasileiro tem todos os elementos necessários para um desenvolvimento consistente e de longo prazo.

http://revistadecinema.uol.com.br/index.php/2013/05/o-estrategico-papel-da-distribuicao-no-boom-do-cinema-brasileiro/#comment-1902



Comentário: 

O que adianta fornecer um produto se ninguém deseja o consumir? Existe uma lei de causa e efeito, que é oferecer ao público aquilo que ele deseja. Caso continuem insistindo em filmes que não busquem a atender as expectativas vão continuar acumulando fracassos.
Não basta oferecer, se o que for oferecido for algo que o público não deseja.

sexta-feira, 10 de maio de 2013

Bobagens de Luiz Carlos Barreto


Em palestra na audiência pública do Supremo Tribunal Federal (STF) que discute a Lei 12.485/11, o novo marco regulatório para TVs por assinatura, o produtor cinematográfico Luiz Carlos Barreto afirmou que não há qualquer inconstitucionalidade nas cotas de produção nacional para conteúdo audiovisual estabelecidas pela lei. Ele ressaltou que a fixação de cotas é direito garantido no Acordo Geral de Tarifas e Comércio (GATT, na sigla em inglês), que tinha um capítulo de serviço chamado de exceção cultural, desde 1960.




Trecho citado por Luiz Carlos Barreto do "ACORDO GERAL SOBRE TARIFAS ADUANEIRAS E COMÉRCIO":

"Se uma Parte Contratante estabelecer ou mantiver regulamentações quantitativas internas relativas aos filmes cinematográficos expostos, tais regulamentações deverão ser impostas sob a forma de cotas de projeção, que obedecerão às condições e prescrições seguintes:
(a) As cotas de projeção poderão tornar obrigatória a exibição de filmes cinematográficos  de origem nacional durante uma proporção mínima determinada do tempo total de projeção,realmente utilizado num período não inferior a um ano na exibição comercial de todos os filmes de qualquer origem; e serão computados na base do tempo de projeção anual por sala ou de seu
equivalente.
(b) com exceção do tempo de projeção reservado aos filmes de origem nacional numa cota de projeção, nenhum tempo de projeção, inclusive o liberado por medida administrativa do mínimo reservado aos filmes de origem nacional, será formal ou efetivamente dividido entre as fontes de
produção.
(c) Não obstante as disposições da alínea (b), acima, qualquer das Partes Contratantes poderá manter as cotas de projeção que estejam em conformidade com as condições da alínea
(a), às quais reservem uma proporção mínima do tempo de projeção para filmes de origem estrangeira determinada, com a condição de que tal proporção mínima do tempo de projeção não venha a ser elevada acima do nível em vigor em 10 de abril de 1947.
(d) As cotas de projeção ficarão sujeitas a negociações visando à sua limitação,liberalização ou eliminação."

O acordo sobre tarifas aduaneiras garante cota para produção cinematográfica interna. Uma nação tem sim essa prerrogativa, é um direto dela, mas deve ser adotado?

Porque deve ser adotada as cotas? Segundo o senhor Luiz Carlos  Barreto,  o audivisual é usado para  influenciar hábitos e costumes. Que poderia ser usado para eliminar hábitos e costumes nossos para adotarmos outros, para que implantem produtos estrangeiros. Esses costumes são bons e benéficos e tornam as pessoas virtuosas? Ninguém deve amar o que é seu pelo fato de ser nacional. Os homens devem amar aquilo que é bom, independente da origem.Imagina os bárbaros germânicos não tivessem entrado em contato com o helenismo, continuando com seus costumes primitivos, seria bom para eles preservarem seus costumes em vez de adotar algo vindo de fora? O helenismo foi melhor. Para falar do costume brasileiro tem de o conhecer e depois ver seu impacto sobre a população, se ele transmite hábitos benéficos ou não e caso um costume estrangeiro influencie de maneira benéfica, que seja aceito.

O que existe é uma miopia e inveja de certos produtores e cineastas.  

O Brasil e sua imagem distorcida de si mesmo


Para o presidente da Agência Nacional do Cinema (Ancine), Manoel Rangel, a Lei 12.485 "descortina um horizonte especial para o mercado audivisual brasileiro", porque abre a possibilidade de o país produzir seu próprio conteúdo e não apenas ficar à mercê da produção estrangeira."Aquele país que não produz a sua própria imagem, estará sempre sujeito a que a sua imagem seja produzida por terceiros, com todas as caricaturas decorrentes dessa produção por terceiros", destacou.

O que seria uma caricatura? Caricatura é um desenho de um personagem da vida real. Porém, a caricatura enfatiza e exagera as características da pessoa de uma forma humorística, assim como em algumas circunstâncias acentua gestos, vícios e hábitos particulares em cada indivíduo. A caricatura no audivisual seria uma maneira distorcida que se produziria do brasileiro, não correspondendo a verdade. Muitas vezes com tons de ironia.

Mas para evitar caricaturas teria de falar a verdade para o povo brasileiro e não o iludir, contando mentiras, o que acabaria produzindo por si mesmo uma caricatura, uma imagem falsa e distorcida de nós mesmos,em outras palavras o brasileiro produzindo uma caricatura de si mesmo. Só não existe caricatura quando se conhece bem o tema a ser filmado, sob pena de dar uma imagem longe da verdade, uma imagem falsa querendo se passar por uma verdadeira.


 Para aqueles sofistas que negam uma verdade objetiva, se a verdade não existe, tampouco pensar falso e com isso a opinião falsa existiram. Logo não existe ignorância e homens ignorantes. Se a ignorância existisse, seria enganar-se sobre as coisas.

Quem produz caricaturas é o brasileiro de si mesmo em filmes como Febre do Rato que mostra o brasileiro como um baderneiro, promiscuo e maconheiro, Carandiru que enfatiza os bandidos como vitimas e Paraísos Artificiais que mostram aqui como um bando de alienados e drogados que frequentam raves. 

quinta-feira, 9 de maio de 2013

Paraísos artificiais ou apologia as drogas


O cineasta Marcos Prado, para escrever o roteiro do primeiro longa-metragem de ficção, Paraísos artificiais, contou com a ajuda de Pablo Padilla e Cristiano Gualda.

Erika (Nathalia Dill) é uma DJ de relativo sucesso e muito amiga de Lara (Lívia de Bueno). Juntas, durante um festival onde Erika trabalhava, elas conheceram Nando (Luca Bianchi) e, juntos, vivem um momento intenso. Entretanto, logo em seguida o trio se separa. Anos depois Erika e Nando se reencontram em Amsterdã, onde se apaixonam. pouco após se conhecerem, anos antes.Entretanto, o real objetivo da viagem de Nando é trazer drogas em sua volta para o Brasil.




Descartes com seu ceticismo radical postulado em sua primeira meditação em sua obra Meditações Metafísicas, servirá de ponte para mostrar o efeito das droga.

Com o argumento do sonho, Descartes postula de que o ato de sonhar providencia evidência preliminar de que os sentidos através dos quais confiamos para distinguir realidade de ilusão não devem ser plenamente confiáveis. Já no com gênio maligno, metáfora usada pelo filósofo francês René Descartes para evidenciar que nenhum pensamento por si mesmo traz garantias de corresponder a algo do mundo. Anuncia o gênio maligno como um ente que coloca na cabeça dele, Descartes, pensamentos bastante evidentes, contudo, falsos. O gênio maligno estaria continuamente trabalhando para criar ilusões.

Descartes ao construir sua metafísica mostra que nem o pensamento ou os sentidos poderiam plenamente ser confiáveis. As drogas tornam ambos exatamente isso, a pessoa é jogada em um estado de alienação do mundo real, aonde nem seus pensamentos ou seus sentidos seriam plenamente confiáveis. A pessoa estaria totalmente afastada do mundo real. 






O filme deseja mostrar o clima das raves,do sexo e drogas, mas n]ao mostra bem a alienação pela qual a pessoa é jogada do mundo real pelas drogas.

Diz Platão em seu diálogo Górgas:

"— Sócrates — Assim sendo, vou propor-te outra imagem da mesma procedência que a anterior. Vê se te é possível comparar essas duas modalidades de existência — isto é, a temperante e a incontinente — ao caso de dois homens que particularmente possuíssem muitas barricas. Um as tinha em bom estado e cheias de vinho, ou de mel, ou de leite, afora muitas mais, também cheias de líquidos diferentes, colhidos em fontes escassas e de difícil acesso, e adquiridos com trabalho e dificuldade. Porém uma vez cheio o vasilhame, não se preocuparia o nosso amigo com renovar-lhes o conteúdo,deixando-se ficar tranqüilo a esse respeito. O outro indivíduo disporia das mesmas fontes que o primeiro, nas quais poderia abastecer-se, embora com dificuldade; mas todos os seus tonéis eram quebradiços e apresentavam rachas, o que o obrigava a enchê-los dia e noite sem interrupção, para não vir a sofrer o pior. Ora bem, se me aceitas a comparação entre o procedimento desses dois indivíduos e aquelas duas maneiras de viver, dirás que a vida do intemperante é mais feliz do que a do moderado?"

 A fábula nos mostra que a alma do hedonista é cheio de furos, pois nada consegue reter, visto carecer de fé e memória, diferente do temperante que possui a alma bem ordenada e que se satisfaz com o que o dia presente lhe oferece. A pessoa nunca está satisfeita e sempre é escrava dos desejos e estes o dominam.

Além das drogas que alienam, o filme mostra pessoas hedonistas em climas quentes, sem revelar que antes de mais nada são escravas do desejo.





Sem maiores explicações, que a felicidade consiste no prazer, seja de que natureza for, sem distinguir entre os prazeres bons e os maus. Demonstrando que mesma coisa o bom e o agradável, não mostrando que possa haver coisas agradáveis que não sejam boas.

Um filme profundamente negativo.


Febre do Rato ou lixo hedonista



"Febre do Rato", o novo longa metragem de Cláudio Assis.

Nesta terceira experiência, filmada toda em preto e branco, Cláudio Assis alega mostrar o contraste entre o progresso de Recife, cheia de condomínios (mas com uma ordem social excludente e conservadora segundo o diretor), e a transgressão política e sexual proposta por Zizo (Irandhir Santos), um poeta anarquista que parece vir de outro tempo, menos conformado.



Zizo passa os dias a gritar sua poesia em um megafone, a bordo de um carro capega que dirige pelos múltiplos cenários de Recife – vale dizer que todos os poemas que aparecem no filme são originais, escritos pelo roteirista Hilton Lacerda. Numa casa caótica, Zizo edita e imprime fanzines de protesto (intitulados Febre do Rato, uma expressão popular típica do nordeste usada para dizer que alguém está fora de controle).


Num tanque destinado a prazeres sem fim, Zizo faz sexo com mulheres mais velhas. Pelos bares da cidade, ele se embriaga e fala de mudança na companhia de amigos como coveiro Pazinho, homem de poucas palavras interpretado por Matheus Nachtergaele.


Num segundo momento do filme, vê-se Zizo completamente entregue a um amor não correspondido pela colegial Eneida (Nanda Costa). Ela se entrega a todo mundo, menos a ele. Eis aí a fonte de sua ira e de uma paixão ainda mais incontrolável. Diante da impossibilidade dessa relação, pouco a poesia pode fazer.
Tramas paralelas mostram a juventude da cidade vivendo o amor livre. Conta-se a história de Pazinho e o travesti Vanessa (Tânia Granussi), passional, cheia de idas e vindas.

O que esse filmeco faz é uma apologia barata ao hedonismo, como se ficar entregue aos prazeres, sme restrição é ser livre.


Vejamos o que diz Diotima sobre a origem do Eros no diálogo O Banquete de Platão:

"É um tanto longo de explicar, disse ela; todavia, eu te direi. Quando nasceu Afrodite, banqueteavam-se os deuses, e entre os demais se encontrava também o filho de Prudência, Recurso. Depois que acabaram de jantar, veio para esmolar do festim a Pobreza, e ficou pela porta. Ora, Recurso, embriagado com o néctar - pois vinho ainda não havia - penetrou o jardim de Zeus e, pesado, adormeceu. Pobreza então, tramando em sua falta de recurso engendrar um filho de Recurso, deita-se ao seu lado e pronto concebe o Amor. Eis por que ficou companheiro e servo de Afrodite o Eros, gerado em seu natalício, ao mesmo tempo que por natureza amante do belo, porque também Afrodite é bela. E por ser filho o Amor de Recurso e de Pobreza foi esta a condição em que ele ficou." 



O Eros estaria sempre entre o mortal e o imortal, morre e nasce a todo o instante. O Eros é sempre pobre, e longe está de ser delicado e belo, como a maioria imagina, mas é duro, seco, descalço e sem lar, sempre por terra e sem forro, deitando-se ao desabrigo, às portas e nos caminhos, porque tem a natureza da mãe, sempre convivendo com a precisão. Segundo o pai, porém, ele é insidioso com o que é belo e bom, e corajoso, decidido e enérgico, caçador terrível, sempre a tecer maquinações, ávido de sabedoria e cheio ele recursos, a filosofar por toda a vida, terrível mago, feiticeiro, sofista.

Uma das coisas mais belas é a sabedoria, e o Eros é amor pelo belo, de modo que é forçoso o Amor ser filósofo e, sendo filósofo, estar entre o sábio e o ignorante. E a causa dessa sua condição é a sua origem: pois é filho de um pai sábio e rico e de uma mãe que não é sábia, e pobre. Todo esse desejo  do que é bom e de ser feliz, eis o que é “o supremo e insidioso amor, para todo homem”, no entanto, enquanto uns, porque se voltam para ele por vários outros caminhos, ou pela riqueza ou pelo amor ao esporte ou à sabedoria, nem se diz que amam nem que são amantes, outros ao contrário, procedendo e empenhando-se numa só forma, detêm o nome do todo, de amor, de amar e de amantes. Segundo o qual são os que procuram a sua própria metade os que amam; porém é que não é nem da metade o amor, nem do todo; pelo menos, se não se encontra este em bom estado, pois até os seus próprios pés e mãos os homens podem amputar, se lhes parece que o que é seu está ruim. Cada um estima, a não ser que se chame o bem de próprio e de seu, e o mal de alheio; só amam aquilo que parece bom.




Todos os seres humanos concebem, não só no corpo como também na alma, e quando chegam a certa idade, é dar à luz que deseja a nossa natureza.Como assim? Porque é algo de perpétuo e mortal para um mortal, a geração. E é a imortalidade que, com o bem, necessariamente se deseja, pelo que foi admitido, se é que o amor é amor de sempre ter consigo o bem. É de fato forçoso por esse argumento que também da imortalidade seja o amor. 


Não é estranho o comportamento de todos os animais quando desejam gerar, tanto dos que andam quanto dos que voam, adoecendo todos em sua disposição amorosa, primeiro no que concerne à união de um com o outro, depois no que diz respeito à criação do que nasceu? E como em vista disso estão prontos para lutar os mais fracos contra os mais fortes, E mesmo morrer, não só se torturando pela fome a fim de alimentá-los como tudo o mais fazendo? , a natureza mortal procura, na medida do possível, ser sempre e ficar imortal. E ela só pode assim, através da geração, porque sempre deixa um outro ser novo em lugar do velho; pois é nisso que se diz que cada espécie animal vive e é a mesma - assim como de criança o homem se diz o mesmo até se tornar velho; este na verdade, apesar de jamais ter em si as mesmas coisas, diz-se todavia que é o mesmo, embora sempre se renovando e perdendo alguma coisa, nos cabelos, nas carnes, nos ossos, no sangue e em todo o corpo.


Aqueles que estão fecundados em seu corpo acabam gerando filhos, e é desse modo que são amorosos, pela procriação conseguindo para si imortalidade, memória e bem-aventurança por todos os séculos seguintes, ao que pensam; aqueles porém que é em sua alma - pois há os que concebem na alma mais do que no corpo, o que convém à alma conceber e gerar; e o que é que lhes convém senão o pensamento e o mais da virtude? Entre estes estão todos os poetas criadores e todos aqueles artesãos que se diz serem inventivos; mas a mais importante e a mais bela forma de pensamento é a que trata da organização dos negócios da cidade e da família, e cujo nome é prudência e justiça - destes por sua vez quando alguém, desde cedo fecundado em sua alma, ser divino que é, e chegada a idade oportuna, já está desejando dar à luz e gerar, procura então também este, penso eu, à sua volta o belo em que possa gerar; pois no que é feio ele jamais o fará. Assim é que os corpos belos mais que os feios ele os acolhe, por estar em concepção; e se encontra uma alma bela, nobre e bem dotada, é total o seu acolhimento a ambos, e para um homem desses logo ele se enriquece de discursos sobre a virtude, sobre o que deve ser o homem bom e o que deve tratar, e tenta educá-lo. Pois ao contato sem dúvida do que é belo e em sua companhia, o que de há muito ele concebia ei-lo que dá à luz e gera, sem o esquecer tanto em sua presença quanto ausente, e o que foi gerado, ele o alimenta justamente com esse belo, de modo que uma comunidade muito maior que a dos filhos ficam tais indivíduos mantendo entre si, e uma amizade mais firme entre o homem e a mulher, por serem mais belos e mais imortais os filhos que têm em comum. 



Então seguir-me se fores capaz: deve com efeito, começou ela, o que corretamente se encaminha a esse fim, começar quando jovem por dirigir-se aos belos corpos, e em primeiro lugar, se corretamente o dirige o seu dirigente, deve ele amar um só corpo e então gerar belos discursos; depois deve ele compreender que a beleza em qualquer corpo é irmã da que está em qualquer outro, e que, se se deve procurar o belo na forma, muita tolice seria não considerar uma só e a mesma a beleza em todos os corpos; e depois de entender isso, deve ele fazer-se amante de todos os belos corpos e largar esse amor violento de um só, após desprezá-lo e considerá-lo mesquinho; depois disso a beleza que está nas almas deve ele considerar mais preciosa que a do corpo, de modo que, mesmo se alguém de uma alma gentil tenha todavia um escasso encanto, contente-se ele, ame e se interesse, e produza e procure discursos tais que tornem melhores os jovens; para que então seja obrigado a contemplar o belo nos ofícios e nas leis, e a ver assim que todo ele tem um parentesco comum, e julgue enfim de pouca monta o belo no corpo; depois dos ofícios é para as ciências que é preciso transportá-lo, a fim de que veja também a beleza das ciências, e olhando para o belo já muito, sem mais amar como um doméstico a beleza individual de um criançola, de um homem ou de um só costume, não seja ele, nessa escravidão, miserável e um mesquinho discursador, mas voltado ao vasto oceano do belo e, contemplando-o, muitos discursos belos e magníficos ele produza, e reflexões, em inesgotável amor à sabedoria, até que aí robustecido e crescido contemple ele uma certa ciência, única, tal que o seu objeto é o belo seguinte.


Deve-se subir sempre, como que servindo-se de degraus, de um só para dois e de dois para todos os belos corpos, e dos belos corpos para os belos ofícios, e dos ofícios para as belas ciências até que das ciências acabe naquela ciência, que de nada mais é senão daquele próprio belo, e conheça enfim o que em si é belo.

O amor é acima de tudo buscar na relação algo firme, crescimento pessoal, não simplesmente ficar entregue aos sentidos, como escravo deles. Esse filme deseja trazer uma menagem ao espectador, mas nada traz de belo e bom,ó sujeira hedonista.

Os sofismas do cinema novo


Glauber Rocha escreveu um manifesto, Uma Estética da Fome, em 1965, no qual analisava uma forma de expor a miséria. Os filmes tinham de agredir a percepção para refletir a violência social. Só um cinema brutal, gritado, desesperado, feio e triste poderia impor o dissabor do miserabilismo sobre o sabor das obras digestivas, tão ao gosto da fome dos estrangeiros por exotismos. O pobre era visto como agente de uma revolução. Oprimido, reagia. Se não com a tal consciência política, por meio de um instinto de sobrevivência. Era combustível de mobilização, não alvo de compaixão ou curiosidade. Estava inserido no processo político, apesar de excluído de sua cidadania.

Vejamos um trecho do Manifesto:

“Dispensando a introdução informativa que se transformou na característica geral das discussões sobre América Latina, prefiro situar as reações entre nossa cultura e a cultura civilizada em termos menos reduzidos do que aqueles que, também, caracterizam a análise do observador europeu. Assim, enquanto a América Latina lamenta suas misérias gerais, o interlocutor estrangeiro cultiva o sabor dessa miséria,não como sintoma trágico, mas apenas como dado formal em seu campo desinteresse  Nem o latino comunica sua verdadeira miséria ao homem civilizado nem o homem civilizado compreende verdadeiramente a miséria do latino.”


Cinema é a ate de se dirigir a alma do público por meio de imagens, palavras e sons. uns produzem filmes como mero entretenimento e outros não. 

O cinema novo, pelo qual Glauber fez parte pretendia refletir de maneira nua e crua a realidade brasileira, sobre sua pobreza e miserabilidade. Pelo menos é o que disseram fazer. Para isso seria necessário que o cineasta fosse um bom conhecedor e bem informado sobre  que iria tratar. Ao querer abordar de maneira mesmo que indireta em seus filmes o que seria a justiça, eles não tratavam dela como ela é, mas sim de como os marxistas a consideram. Um cineasta querendo realizar filmes sérios, ao tratar sobre o bem e  mal, justiça e injustiça, encontrando pessoas na mesma ignorância, ele acaba mentindo para o público e o enganando. 

O cineastas do cinema novo desconheciam com exatidão e detalhamento a semelhança e desamelhança dos objetos do tem de seus filmes. O homem que não conhece as verdadeiras qualidades de cada coisa não será capaz de perceber a maior ou menor de  algo que desconhece e o que lhe é familiar. Torna-se evidente que aquele cuja opinião não corresponde a realidade e têm dela conceitos errôneos, caem no erro porque foram iludidos por certas semelhanças. E se o cineasta ignorar as verdadeiras qualidades das coisas não poderá passar pouco a pouco da realidade ao contrário, utilizando suas obras por meio da semelhança.
Aquele que não conhece a verdade, só alimentará o senso comum.

O cinema novo tendia a falar da indiferença das classes mais altas com a classes mais pobres, as acusando de vedarem o acesso a terra a todos e concentrarem a renda, afirmando serem eles os responsáveis pelas desigualdades sociais do Brasil. A criminalidade seria fruto da pobreza a qual etá submetida a população.


 A culpa da miserabilidade não seria culpa da burguesia, mas fruto da escolha individual. Para o homem, o meio básico de sobrevivência é a razão. Tudo que ele deseja e precisa tem que ser aprendido, descoberto e produzido por ele, através de sua escolha própria, esforço e consciência. Para caçar, desenvolveu armas. Para se aquecer, descobriu o fogo e depois a eletricidade. A agricultura veio para alimentá-lo. O avião foi criado para o transporte. São todos exemplos práticos que nos distinguem de outros animais, que sobrevivem através de um processo mais automático, sem consciência ou razão.

O homem é livre para fazer sua própria escolha, e esta pode ser a errada, mas ele não está livre de suas conseqüências. Ele pode se esquivar da realidade, pode seguir cegamente um curso ou a estrada que quiser, mas não tem como evitar o precipício a frente que ele se recusa a enxergar. Em resumo, ele é livre para escolher não ser consciente, mas não consegue escapar das penalidades de sua inconsciência: sua própria destruição.

Existe sim pobreza no Brasil e havia naquela´poca, mas era fruto das más escolhas do individuo  não algo provocado pela burguesia. Para um espectador incauto, ele observa a pobreza no Brasil, sabe que ela existe, mas ele não sabe sua causa, ele acaba culpando a burguesia e os agricultores. 

Vejo o cinema novo e o cinema brasileiro atual pós-retomada que deseja tratar o Brasil de maneira séria, como perpetradores de sofismas e mentiras sobre a sociedade, não devendo sua obra ser levada a sério.